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Conheça o BeeKeep, projeto de ciência cidadã que monitora abelhas e polinizadores

Com participação de Sheina Koffler e Natália Ghilardi-Lopes do INCC, BeeKeep está na fase de análise de dados

O projeto de ciência cidadã BeeKeep reuniu, em seis anos de atividades, mais de 600 cientistas cidadãos. Eles se dividiram em dois projetos principais de monitoramento e observação de abelhas e polinizadores. O primeiro deles, chamado Cidadão ASF (abelha sem ferrão), teve a participação de 500 cientistas cidadãos e o “Fit Count Brasil!”, contou com cerca de 100 participantes.

O Cidadão ASF foi criado pelos pesquisadores do BeeKeep em parceria com os criadores de abelha (meliponicultores). Além disso, o nome do projeto foi selecionado em votação por todos os participantes. Sheina Koffler, uma das coordenadoras do BeeKeep e membro do Instituto Nacional de Ciência Cidadã (INCC), explica que o projeto precisava atender aos interesses de pesquisa e, também, corresponder às ideias e vontades das pessoas que estavam participando para proporcionar um bom engajamento: “É importante engajar as pessoas para que o nosso projeto funcione”, afirma.

Em 2020, no contexto da pandemia, o BeeKeep – para o Cidadão ASF – organizou lives do curso de meliponicultura e fez isso em conjunto com aulas de ciência cidadã. Segundo Sheina, era uma estratégia para manter o grupo interessado. Ela explica que, depois de desenvolvida uma pergunta de pesquisa, foi dedicado um tempo ao desenvolvimento do protocolo que inclui a definição de uma agenda e horários de observação, além da filmagem de vídeos de 30 segundos para que os cientistas cidadãos pudessem fazer a contagem das abelhas monitoradas.

Com esse trabalho, o BeeKeep desenvolveu uma base de mais de 4 mil vídeos de observação das abelhas. Entre os contribuintes para essa enorme quantidade de dados estão os alunos da professora Carla Debelak. Com 35 anos de carreira, a professora Carla começou a se interessar por abelhas para montar um projeto, o Buzz no Jardim, sobre as abelhas nativas, principalmente as sem ferrão.

 

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O projeto acabou se expandindo e se transformou em uma ideia de educação ambiental. “Uma vez professora, a gente tá sempre trabalhando com educação”, diz Carla. Participar de um projeto de ciência cidadã aproximou os alunos da ciência. “A ciência cidadã permite a democratização da ciência”, afirma Carla. Ela explica que seus alunos tinham a compreensão de que “…alguém muito distante trabalha e dedica a vida para descobrir as coisas que vão para os livros”, mas não existia essa proximidade.

 

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Isso até eles verem o resultado da participação no livro “Ciência cidadã e polinizadores da América do Sul”. Segundo a professora, os alunos tiveram um encantamento em ver que faziam parte de um projeto que gera conhecimento efetivo. Além disso, ela explica que foi possível mostrar aos alunos que a ciência muda. Ou seja, que as pesquisas atualizam perguntas e dados e que, nesse processo, existem os protocolos que precisam ser seguidos para validar os dados coletados com qualidade.

Um ponto interessante do projeto, para Sheina, foi “explicar a importância do zero”. Conta a pesquisadora que, para os cientistas cidadãos, era normal e mais empolgante poder registrar e mostrar um número que ilustra as abelhas em atividade. Por outro lado, os horários em que elas não saiam eram marcados pelos cientistas cidadãos como “zero”. Porém, para ter um entendimento completo do comportamento das abelhas era preciso registrar as informações do momento em que as abelhas não estavam em voo, daí a “importância do zero”.

O segundo projeto parte do BeeKeep é o “Fit Count Brasil”. Adaptado de um programa desenvolvido no Reino Unido, o Fit Count foi “um drama”, explica Sheina. Isso aconteceu, ela comenta, porque o programa veio montado para poucas plantas específicas da região europeia. No Brasil, porém, a biodiversidade de plantas e polinizadores é muito maior e isso gerou um trabalho de adaptação do programa. A pesquisadora explica que esse projeto é voltado ao monitoramento de polinizadores em geral e, neste momento, está em fase de expansão para escolas e já tem um exemplo teste no Espírito Santo.

Parte do trabalho funciona para responder as perguntas “como o ambiente urbano afeta a vida das abelhas/polinizadores?” e “como o ambiente rural afeta a vida das abelhas/polinizadores?”. Segundo Sheina: “Às vezes isso pode parecer muito específico”, mas o serviço de polinização é fundamental em todos os ambientes e, por isso, se faz importante a condução dos estudos para verificar se este trabalho está disponível e com qualidade.

Fundado em 2017, o BeeKeep passou a ter atividades no ano de 2019. Ele foi parte do Projeto Temático “SURPASS2 – Salvaguardando serviços de polinização em um mundo em mudança: teoria na prática” financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Atualmente o projeto está na fase final em que vai acontecer a análise de dados e o retorno para cientistas cidadãos participantes.

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