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  • Evento destaca plataformas abertas e infraestrutura colaborativa na ciência cidadã

    9 de julho de 2025

    Por Alice Lira Lima | Apoio: Joana Giacomassa, Luan Alves e Karen Sailer

    Quais os tipos de plataformas abertas e infraestruturas interoperáveis vêm sendo utilizadas na ciência cidadã no Brasil? O tema, que é de interesse de pesquisadores de diversas áreas, foi apresentado na 6ª edição do ciclo de webinários “Diálogos em Ciência Cidadã”, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ciência Cidadã (INCC). O evento, transmitido ao vivo pelo YouTube na última quarta-feira (2), reuniu especialistas para expor ferramentas tecnológicas de mapeamento, catalogação e compartilhamento de dados, com foco na importância da ciência aberta e da governança dos dados.

    Mediado por Allan Yu Iwama, engenheiro ambiental e doutor em Ambiente e Sociedade, o webinário, que teve como tema “Tecnologias e Infraestruturas na Ciência Cidadã”, mostrou as infraestruturas tecnológicas iNaturalist, eBird e Visão, bem como os objetivos, a usabilidade e a abertura das ferramentas para a pesquisa. 

    A primeira apresentação foi de Clara Baringo, mestre em Gestão Ambiental, que atua no Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Com experiência em pesquisa, gestão e padronização de dados de biodiversidade, ela apresentou o SiBBr – plataforma on-line, coordenada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), lançada em 2019, gratuita e de acesso livre, que integra dados de coleções biológicas, projetos do setor privado, licenciamento e iniciativas de ciência cidadã. A pesquisadora destacou dois projetos que alimentam a base de dados: o iNaturalist e o eBird, que juntos representam cerca de 50% dos registros de ciência cidadã brasileira agregados no SiBBr (aproximadamente 17,5 milhões do eBird e 1 milhão do iNaturalist).

    Passados seis anos desde a criação, o número de registros na plataforma já triplicou. “Os principais benefícios da ciência cidadã na biodiversidade são aumento no engajamento social, estímulo à participação da sociedade no monitoramento e conservação da biodiversidade, valorização do conhecimento local e tradicional, integração de saberes diversos e reconhecimento das observações e projetos das comunidades. Além disso, fortalece a rede de conhecimentos, trocas entre pesquisadores, cidadãos, coordenadores, gestores, amplia o número de registros e também contribui para políticas públicas”.

    Um exemplo do resultado desse trabalho foi o relatório apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, que utilizou mais de 22 milhões de registros da plataforma. Além de contribuir para catalogar, essa iniciativa ajudou a identificar lacunas de informações relacionadas à biodiversidade. Por isso, como aponta Clara, o apoio tecnológico é fundamental para ampliar as ações de ciência cidadã. No SiBBr, qualquer projeto de ciência cidadã relacionado à biodiversidade pode ser cadastrado. O processo é simples e permite incluir informações como formas de participação, responsáveis, dados coletados, licenças e há suporte para treinamento online. A pesquisadora recomendou ainda que os dados publicados privilegiem fontes nacionais, pelo fortalecimento da ciência aberta brasileira.

    Usabilidade das plataformas

    A plataforma tem filtros para que seja possível selecionar os registros por tema ou localização, por exemplo. Esses e mais detalhes foram apresentados em seguida, por Keila Juarez, mestre em Ecologia e doutora em Biologia Animal, com experiência em políticas públicas na gestão da biodiversidade no Ibama e Ministério do Meio Ambiente. A pesquisadora fez demonstrações práticas do uso da plataforma SiBBr: como visualizar iniciativas, cruzar dados de fontes diversas para apoiar pesquisas, cadastrar um registro e ainda explicou a importância dessas interações.

    Como exemplo, Keila apresentou registros da raia, espécie criticamente ameaçada, e a contribuição dos dados catalogados de ciência cidadã para preencher lacunas temporais e geográficas. Utilizar e expor essas informações, no entanto, também exigem cuidados no desenvolvimento dessas ferramentas, como “não expor coordenadas para espécie ameaçada ou plantas, como a orquídea”, explicou a cientista. Essa atenção é necessária para a proteção de espécies vulneráveis que podem ser alvo de coleta predatória ou outras ameaças.

    A última palestrante, Nathaly Leite, mestre em Ciência da Informação e bacharela em Arquivologia pela Universidade de Brasília, integra desde 2018 a equipe do sistema Visão, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict). Nataly o apresentou como um instrumento de ciência aberta para visualização geoespacial, de forma dinâmica, e catalogação das iniciativas locais de ciência cidadã.

    Durante a pesquisa que motivou a criação da ferramenta brasileira, o grupo observou que outras plataformas internacionais, como as da Espanha e dos Estados Unidos, também lidam com desafios semelhantes de localização e governança. “Conseguir visualizar as iniciativas de ciência cidadã locais é fundamental para fortalecer a participação e promover um uso consciente dos dados”, comentou.

    E por que ciência aberta em uma ferramenta de visualização de dados em mapas? “Justamente para dar essa característica de repositório. A gente fez um mapeamento de todas as instituições no Brasil que publicam dados abertos com característica geoespacial e criou um repositório centralizado e aberto para que as pessoas que utilizam o Visão possam, além de usar os dados que coletou na própria pesquisa ou no seu contexto, possam mesclar com conjuntos de dados abertos de instituições de pesquisa”. Ainda é possível complementar ou criar um novo conjunto de informações, de modo a dar continuidade àqueles que já foram ali publicados.

    A ferramenta, criada em 2020, também procura ser útil à tomada de decisão e à gestão de políticas públicas. Por isso, por meio dela, é possível apresentar os dados de maneira dinâmica, criar redes de gestão e compartilhamento de dados que podem se tornar indicadores, além de fazer integração com a plataforma de ciência cidadã Cívis

    Ciência aberta e segurança

    Ao longo do evento, os participantes interagiram com perguntas e comentários que reforçam a relevância das tecnologias apresentadas. O webinário destacou também a importância de discutir licenças e cuidados com dados sensíveis, especialmente os relativos a comunidades tradicionais e espécies ameaçadas. Sobre isso, o mediador Allan Yu enfatizou a necessidade de se pensar em “sistemas de governança” e questionar como vai ser utilizado o dado coletado para garantir seu uso ético e responsável. Para ele, é essencial que quem vai usar esse tipo de dado já preveja ‘quem, para quê, quando e como’ vai ser utilizado.

    A palestrante Keila explicou que existem diferentes tipos de licenças que operam nas plataformas apresentadas, as quais são usadas de acordo com a finalidade, sempre com a atenção de não expor ou tornar vulneráveis comunidades, espécies, entre outras. Clara Baringo acrescentou a importância do diálogo constante para entender quais tipos de dados podem ser publicados. Como foi falado na conversa, esse tema merece atenção e um diálogo contínuo para entender as necessidades do país e como as possibilidades tecnológicas podem atendê-las.

    Assista ao webinário

    Ciclo “Diálogos em Ciência Cidadã”

    O ciclo de webinários “Diálogos em Ciência Cidadã” é promovido pelo INCC em parceria com a Rede Brasileira de Ciência Cidadã (RBCC) e conta com o apoio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

    Para receber novidades do ciclo e acompanhar os próximos eventos, inscreva-se nas redes sociais do INCC.

  • Como integrar o Instituto Nacional de Ciência Cidadã

    7 de julho de 2025

    Gostaria de contribuir com as atividades do Instituto Nacional de Ciência Cidadã? O INCC é uma rede de pesquisa, que conta com o apoio do CNPq e da CAPES, iniciado em janeiro de 2024 e com término previsto para dezembro de 2028. Seu objetivo é  promover o avanço do conhecimento científico e tecnológico, de caráter inter e transdisciplinar, para o desenvolvimento, a inovação, o debate crítico e a disseminação de conceitos, práticas, metodologias e usos da Ciência Cidadã no Brasil. Confira como você pode se vincular ao Instituto:

    1º passo: Primeiro, você precisa encontrar uma linha de pesquisa e atuação com a qual se identifique. O INCC estrutura-se em sete linhas de investigação e ação e reúne as principais instituições, grupos de pesquisa e pesquisadores do país atuantes na área da Ciência Cidadã. Acesse o link para conhecer as linhas: https://incc.ibict.br/linhas/ 

    2º passo: Ficou interessado em uma das linhas de pesquisa e ação ou gostaria de saber mais sobre uma delas? Então, você deverá entrar em contato com a coordenação da linha para a conhecer melhor  e verificar as possíveis formas de colaboração. Confira abaixo o contato dos coordenadores:

    L1 – Coprodução e Engajamento Social em Iniciativas de Ciência Cidadã
    ➜ Coordenação: Blandina Felipe Viana (blande.viana@gmail.com) e Allan Yu Iwama (allan.iwama@gmail.com)

    L2 – Tecnologias, Ferramentas e Infraestruturas
    ➜ Coordenação: Angelo Conrado Loula (angelocl@uefs.br) e Bruno de Carvalho Albertini (balbertini@usp.br)

    L3 – Governança, Avaliação e Protocolos
    ➜ Vanessa Jorge (vanessa.jorge@fiocruz.br), Sarita Albagli (sarita.albagli@gmail.com) e Anne Clinio (anneclinio@gmail.com)

    L4 – Formação e Educação
    ➜ Natalia Pirani Ghilardi-Lopes (natalia.lopes@ufabc.edu.br), Nijima Novello Rumenos (nijima.novello@unesp.br) e Rodrigo Arantes Reis (reisra@gmail.com)

    L5 – Disseminação Social e Subsídios a Políticas
    ➜ Karen Sailer Kletemberg (comunica.incc@ibict.br)

    L6 – Arcabouço Teórico-Conceitual
    ➜ Sarita Albagli (sarita.albagli@gmail.com) e Pedro Bravo (pedro.bravo@ufabc.edu.br)

    3º passo: Caso a sua colaboração seja viável e condizente com os objetivos e metas do INCC, a coordenação da linha encaminhará uma carta de anuência, a qual indica sua concordância em participar das atividades da linha em questão, que deverá ser assinada.

    Por fim, é importante salientar que o INCC não oferece auxílio a projetos individuais dos membros. O Instituto possui um plano de ação estabelecido e um cronograma de atividades a serem realizadas durante o período de sua existência. 

    Ficou com alguma dúvida? Entre em contato por meio do e-mail: incc@ibict.br